Skip to content

Intraempreendedorismo: Você não precisa pedir demissão para ser empreendedor!

Muita gente vê o empreendedor como aquele profissional que largou o seu emprego para se dedicar do zero a uma grande ideia própria. Isso é comum, mas não é a única forma de empreender que existe. Você já ouviu falar em intraempreendedorismo?

O “empreendedor interno” é o profissional que cria e desenvolve projetos na própria empresa em que trabalha. “Mas o que eu ganho com isso?”, você pode estar se perguntando. Esta é uma das perguntas que fizemos aos quatro profissionais que entrevistamos, além de descobrir também como a empresa pode incentivar esta prática e identificar colaboradores que possam empreender em seus empregos.

E se, depois de ler esta matéria, você sentir o interesse de se aprofundar a respeito de projetos, vale a pena conhecer o nosso workshop on-demand de Gestão de Projetos e Processos. Confira mais informações sobre ele aqui!

Agora, confira as entrevistas!

O que a empresa e o funcionário ganham com o intraempreendedorismo?

Babi Teles (Fundadora da Paxe) - Estimular a implementação de ideias novas, projetos/produtos/serviços diferentes ou mesmo melhorias e otimização de processos internos oxigenam as organizações e resgatam os talentos dos funcionários, aumentando o engajamento deles. No movimento de abrir espaço para que as equipes se reorganizem e se reinventem nos seus modelos de trabalho, a cultura é revista na sua forma de gerar novos valores, permitindo que as pessoas sugiram, colaborativamente, autenticidade nas entregas, que, "ao final" da cadeia, todos ganham - inclusive cliente externo e sociedade.

Catarina Pierangeli (Diretora Executiva na Pierangeli Comunicação para Negócios) - Quando o conceito intraempreendedorismo se estabeleceu, há cerca de três décadas, as empresas não estavam dispostas a dar liberdade para seus colaboradores criarem e, muito menos, oferecer verbas para inovação. Além do mais, não queriam arcar com os custos dos erros que, inevitavelmente, aconteceriam durante o percurso.

Hoje é bem diferente. O conceito já está bem difundido e valorizado nas organizações e o intraempreendedorismo funciona como um acelerador das inovações dentro das grandes empresas que “usam” seus mais talentosos empreendedores.

É uma relação de ganha-ganha onde as empresas ganham mais produtividade, tem menos absenteísmo e funcionários doentes e mais engajamento e comprometimento. Os funcionários ganham, acima de tudo, qualidade de vida, visibilidade dentro e fora da empresa com maior possibilidade de crescimento na carreira.

Isaque Criscuolo (Content Distribution Strategist na Meio&Mensagem) - A grande vantagem do intraempreendedorismo é que a relação “eu compro o seu tempo” da empresa com o funcionário muda. O funcionário passa a ser visto como um elemento que gera novos negócios, novos lucros. Para algumas pessoas, empreender dentro da empresa é mais fácil porque existe toda uma estrutura garantida. Para outros, como eu, tem a ver com ser inquieto e querer melhorar as coisas que não estão funcionando muito bem.

Willy Souza (Diretor de Produtos na Zup Innovation) - Intraempreendedorismo é uma forma de promover a inovação na empresa. É disso que podem surgir novas oportunidades de negócio e novas fontes de receita. No mundo VUCA que vivemos, inovar é essencial para garantir a existência da empresa.

Qual a melhor forma de se incentivar a prática do intraempreendedorismo?

Babi Teles - Praticando! Entendo que o discurso é super-importante para inspirar e motivar as pessoas a pensarem diferente, mas ele não se sustenta sozinho. É imprescindível que as pessoas vejam o intraempreendedorismo na prática, no dia a dia, nas tomadas de decisão da liderança, seja ela assumindo novos riscos, quebrando silos e paradigmas, incluindo a diversidade nas mesas de discussão e não só convidando por conveniência. A participação precisa ser tangibilizada, para que o comportamento observado cascateie em segurança e confiança coletivas, de que olhar o problema sob uma nova e criativa perspectiva não é só algo legal e moderno, mas efetivamente valorizado e viabilizado, todos os dias.

Catarina Pierangeli - De acordo com a definição de Tom Peters, "Personal Branding são pessoas que comercializam a si mesmas e suas carreiras como marcas". No turbilhão do dia a dia, quando estamos no olho do furacão matando um leão por dia, não temos tempo nem energia para pensar e, sequer, investir na nossa marca pessoal, nos nossos sonhos e no propósito que nos levou a escolher determinada profissão.

O intrapreneur é aquele que acredita e investe na sua marca pessoal. Tiram suas lições de três verbos: "errar, aprender, avançar". Não tem medo de tentar, de propor novas ações e corrigir rotas sempre que necessário.

Para desenvolver essas características, as empresas precisam valorizar e incentivar os profissionais, além de darem espaço para que criem com liberdade, tomem decisões e assumam responsabilidades sem pré-julgamentos.

Mas nem todas pensam assim. Principalmente as grandes e multinacionais, simplesmente “engolem” os sonhos de seus colaboradores. Ao assumirem cargos passam a ser considerados propriedade da empresa perdendo sua individualidade. Ao vestir a camisa da companhia, muitas vezes, sem perceberem, esses colaboradores estão vestindo uma verdadeira camisa de força.

Isaque Criscuolo - Ter uma abertura para quem tem esse perfil é muito importante porque dai surgem inúmeras possibilidades, inclusive novos modelos de negócio. Claro que essa relação precisa ser de mão dupla, porque muitas empresas querem um funcionário com perfil empreendedor, mas não querem assumir o ônus de ter alguém desse perfil. O empreendedor costuma ser inquieto, inconformado, ter horários alternativos para fazer o trabalho, um tempo e olhar diferentes. As métricas de avaliação precisam mudar também, porque os perfis mais inquietos, por exemplo, sofrem para bater ponto e cumprir horários burocráticos.

Perfis criativos exigem ambientes e regras adequadas para que possam florescer e crescer. Não dá para esperar coisas fora da caixa quando a empresa quer enquadrar todo mundo na caixa. E cada pessoa possui o seu processo criativo, a métrica mais importante é o resultado. Não importa onde e como a pessoa chegou a esse resultado, mas ele deve vir. Uma parte importante desse processo é confiança. A confiança de que o funcionário, embora não esteja às 9h da manhã na empresa ou fazendo home office, irá entregar o combinado.

E o intraempreendedorismo tem a ver com fazer as coisas de um jeito diferente, testar, aprender, corrigir caminhos enquanto constrói. É um processo always beta e doloroso.

Willy Sousa - Tendo uma cultura que aceite falhas rápidas (fail fast), gestão mais horizontal e que forneça um ambiente de inovação apartado do corebusiness da empresa e longe dos "anticorpos" da inovação.

Como identificar e cuidar dos funcionários que tenham essa característica?

Babi Teles - Para o intraempreededorismo acontecer como uma nova abordagem de resolução de problemas e geração de valor, a diversidade, multidisciplinaridade são atributos essenciais. Ter só o arquétipo clássico do visionário, inovador, criativo, ousado, carismático, inspirador sugere um risco de haver muita espuma e barulho para pouco resultado. Funcionários que têm esse perfil são catalisadores do movimento de mudança e de divulgação de oportunidades - o que é muito importante, mas precisam co-existir com aqueles que tenham foco e concentração de execução, que são resilientes e possam dar forma às ideias levantadas. Para mim, o grande lance de uma equipe convergir intenção em ação é ter um grupo ancorado na confiança, na colaboração, aglutinados pelo mesmo objetivo. Sem essa transparência para errar e aprender com os erros, nenhum perfil serve.

Catarina Pierangeli - O intrapreneurship colabora para o crescimento das empresas ao mesmo tempo que se destaca por seus dotes profissionais. Cabe às empresas, por meio de atividades criativas, identificar potenciais intraempreendedores, se aproximarem, conhecerem seu propósito e propor atividades onde possam se expressar livremente.

Na verdade, eles anseiam por desenvolver seu potencial criativo, ser percebidos e ter seu esforço mais do que valorizado sem ter que abrir mão de sua posição e atribuições dentro da empresa.

Intraempreendedores tem capacidade de identificar novas oportunidades, desenvolver e implementar novos negócios dentro da empresa onde trabalham e são, inclusive, excelentes gestores com grande dose de sensibilidade e empatia. Muitos atuam como mentores de jovens talentos dentro da empresa e tem excelentes resultados.

Isaque Criscuolo - Funcionários com essas características costumam se revelar, pois propõem mudanças e melhorias o tempo todo e não estão satisfeitos em apenas chegar, cumprir o trabalho e ir embora. Sempre envolve um propósito. E quanto mais claro for o propósito da empresa e o diálogo com funcionários desse perfil, melhor a relação.

Willy Sousa - Intraempreendedores são pessoas com perfil questionador, inquieto, e que agem criando soluções para problemas que os incomodam no dia a dia.

Comments

Fale com a gente no WhatsApp