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Big Data: adote-o ou fique para trás

Em 1949, George Orwell publicou o livro que seria uma das sua grandes obras primas: Nineteen Eighty-Four (1984). Nele, o continente era comandado por um governante apelidado de “Grande Irmão”, que observava e controlava todos através de câmeras dentro das casas e nas ruas também. A título de curiosidade, foi daí que surgiu o nome daquele famoso reality show, “Big Brother”.

A ideia de ter alguém que observa nossos hábitos constantemente e faz uso dessas informações parece absurda, porém, Orwell podia estar mais certo do que imaginava em sua “previsão do futuro”. Ele só errou o agente que observa: não se trata de um grande ditador, mas sim do Mercado – assim com M maiúsculo mesmo, pois estou me referindo a toda e qualquer compra e venda de produtos, informações ou serviços.

Duvida do que estou falando? Vamos bater uma aposta então: eu aposto que você já procurou algo que gostaria de comprar no Google, e mesmo que tenha sido um desejo momentâneo e tenha desistido da compra, você se deparou com anúncios daquele produto por, no mínimo, uma semana nas suas redes sociais e em páginas da Internet que acessou. Acertei? Pois é, they are watching you.

 

                              https://www.flickr.com/photos/adactio/9276962702

 

Big Data

Teorias da conspiração a parte, a captação de informações sobre os consumidores abriu portas para um ramo novo de negócios, no qual é oferecido um serviço que acarreta no recolhimento dessas informações de forma secundária. Seguindo o exemplo já mencionado, o Google não pediu para que você preenchesse uma pesquisa com os seus hábitos de consumo, ele oferece uma plataforma de busca que, de maneira não exposta, armazena seus dados de compra e oferece anúncios baseados neles. Essa quantidade enorme de dados que é recolhida constantemente é o famoso Big Data. O pulo do gato está em conseguir administrar esses dados e oferecer serviços a partir dessas informações.

 

De “vantagem” à “obrigação”

A adesão ao uso do Big Data por parte das empresas não parece ser mais uma medida optativa àqueles que desejam permanecer no mercado e ter relevância na concorrência. A atenção personalizada ao consumidor e o conhecimento das suas preferências só é possível por meio do Big Data.  Essa “vantagem” passou a ser uma obrigação, quem não aderir, ficará para trás.  É possível perceber no mercado que as grandes empresas adotam e investem de alguma forma neste recurso. Aqueles que não produzem seu próprio “big” banco de dados vão em busca de comprá-los de quem o faz e os comercializa. Por exemplo, a empresa Dotz.

 

Dotz

Uma das empresas que consegue essa façanha é a Dotz, e usa com maestria as informações coletadas. Dotz é um programa de acúmulo de pontos que podem ser trocados por mercadorias ou serviços, de acordo com o interesse do cliente. Entre os estabelecimentos credenciados estão supermercados, e-commerce, postos de gasolina, farmácias, entre outros. Ao fazer compras ou utilizar serviços destes estabelecimentos, o cliente vai acumulando os pontos. A Dotz vende uma quantidade da moeda, homônima, para o estabelecimento, que distribui entre seus clientes com o objetivo de fidelizá-los.

“Pense que a gente tem 23 milhões de pessoas em todo o Brasil cadastradas e usando Dotz, e capturamos todas as informações da cesta de compra dessas pessoas. A pessoa vai ao supermercado, eu sei todos os produtos que ela compra. Ela vai no e-commerce, eu sei tudo que ela compra também. A gente usa essas informações para gerar modelos,  para assim podermos entregar a oferta certa para a pessoa certa”, explica Cristiano Hyppolito, CTO na Dotz.

Desta forma, a Dotz fornece às empresas que contratam seus serviços informações da cesta de compra dos clientes cadastrados, assim a empresa faz anúncios de acordo com o perfil de compra do consumidor.

 

23 and Me

Não é apenas de venda de mailings e serviços de anunciantes que estamos falando. Imagine uma gama de dados genéticos (em proporções de Big Data) disponível para pesquisas, experimentos, análises, e todo o resto que a tecnologia pode proporcionar e sua imaginação permitir. Até projetos sobre a escolha da cor da íris do bebê no útero da mãe já foras discutidos.

Levemos em consideração, porém, o tempo que será poupado para desenvolver medicamentos também. Se antes era preciso longos períodos para coleta de sangue, por exemplo, agora basta acessar um banco de dados. Os avanços na cura para doenças podem ser inimagináveis.

Uma empresa que faz uso do “Big Data genético” muito bem é a 23andMe. Com serviços um tanto peculiares, a 23andMe é uma empresa americana que fornece testes genéticos, via correio, por 149 dólares em qualquer parte dos EUA. Isso mesmo, quem contrata o serviço recebe um kit, cospe em um potinho, manda para o laboratório deles, e em aproximadamente oito semanas recebe seus resultados genéticos, como ancestralidade, por exemplo.

Com essa gama gigantesca de informações genéticas, a 23andMe pode fazer pesquisas e adquirir patentes, por exemplo. A primeira patente obtida pela empresa monitorava uma variante genética ligada à doença de Parkinson, o que irritou alguns clientes pelo fato de a 23andMe poder lucrar com as informações genéticas das pessoas. Hoje, você é incentivado a permitir que suas informações sejam acessadas para “pesquisas que podem curar doenças”, segundo o próprio site da empresa. Não há nenhum tipo de remuneração para quem dá essa permissão.

 

“Quem tem a informação, tem o poder”, já diz o velho provérbio português. Em tempos do nosso Big Brother ter se tornado Big Data, quanto valem suas informações?

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