Conteúdo à vontade quando, quanto e onde você quiser. Essa liberdade de consumo é uma das maiores vantagens do conteúdo on-line e um grande benefício do streamings. Hoje temos uma conexão de internet melhor, carregar os dispositivos portáteis ficou mais fácil, além da disposição de conteúdos ser quase infinita. Com tantas facilidades, esta geração imediatista e ávida por informação foi modificando seus hábitos de consumo. E os streamings caíram tanto no gosto das pessoas que o sucesso desse formato tem muito que ensinar às marcas sobre o novo perfil dos consumidores.
Reunimos um grupo de especialistas para explicar quais são as lições que os streamings nos ensinam sobre o novo perfil do consumidor. Como as marcas podem utilizar a inteligência dos serviços de streaming ao seu favor? O aumento do uso streamings impactou a forma que as pessoas consomem conteúdo e informação na internet? Os novos hábitos dos consumidores inspiraram a criação dos serviços streamings ou nós é que fomos influenciados por eles? Confira as respostas de cada um deles:
Jonathan A.J. Wilson Professor na GSM London
Felipe Schmitt-Fleischer - Branding Strategist, Professor and Writer
Roberto Gnypec - Especialista em Planejamento Estratégico na McDonald´s Chicago University e ex-VP de Marketing do McDonald´s.
Os consumidores agora estão felizes em não possuir tanto conteúdo físico, como filmes ou músicas em fitas ou discos. Além disso, nos últimos 15 anos, as pessoas faziam o download e salvavam o conteúdo digital, mas isso está mudando. Agora, especialmente porque estamos assistindo e ouvindo muito mais quando queremos, em vez de viver na televisão ou no rádio, muito mais pessoas estão transmitindo. Houve uma mudança comportamental e uma aceitação cultural com esses novos formatos.
Você pode aprender sobre os dados contextuais, o que nos mostra tendências geográficas, demográficas, psicográficas e comportamentais, por exemplo, a forma como as pessoas idosas são, de onde vêm, de onde estão assistindo, em que horas, por quanto tempo, quando pausam, quantos episódios e em que tipo de dispositivo. Além disso, podemos ver na pesquisa quais são seus interesses mais amplos e como eles são influenciados por sugestões para transmitir outros conteúdos que eles não pesquisaram.
Sim! As pessoas querem muito mais conteúdo e informação e querem pagar menos por isso. Plataformas que são rápidas e fáceis de navegar e dão aos consumidores o que eles querem o mais rápido possível são fatores realmente importantes. Os consumidores não gostam de esperar. Além disso, compartilhar com amigos em diferentes locais para melhorar a experiência emocional também é importante. As pessoas querem escolher quando assistir a algo e fazê-lo com outras pessoas em locais diferentes ao mesmo tempo.
Sim, há uma tendência de “push e pull” acontecendo - onde os serviços de streaming estão respondendo às necessidades e ao comportamento do consumidor, mas também ao mesmo tempo em que estão mudando o comportamento. Por exemplo, se observarmos como mais pessoas acessam a Internet exclusivamente por meio de dispositivos móveis, isso está aumentando - e elas estão fazendo isso em todos os lugares, como no banheiro.
O consumo individualizado permite obter informações valiosas sobre o perfil, hábitos, gostos de seus públicos. Essas informações, corretamente analisadas, permitem a oferta de conteúdo correlacionado, aumentando o nível de consumo.
Sem dúvida, através do streaming, conteúdo e informação adquiriram outra forma de consumo na internet, mais pessoal, interativo e com maior valor para pessoas e marcas.
Acredito que os hábitos e desejos dos consumidores moldaram a criação dos serviços de streaming. E a partir deles, agora somos diretamente influenciados, inclusive pela leitura de nosso perfil e do ajuste da oferta de acordo com nosso padrão de consumo.
O consumidor hoje não pode ser mais visto como um dado demográfico. Muitas empresas ainda classificam os consumidores como classe A, B, C, renda x, idade y, e na verdade isso não é mais possível. Isso é uma fonte enorme de erros. É óbvio que a demografia é importante, mas temos que olhar para o consumidor como alguém que na sua jornada assume diversos papéis. O que rege esses papéis são o atitudinal e os motivadores desse atitudinal. Acompanhar essa jornada e entendê-la é o grande desafio para atender os consumidores e suas reais demandas. Acho que o streaming ensina muito sobre isso.
Pensando nos serviçoes de streaming de vídeo, música e podcast, temos uma riqueza de informação que ajuda a traçar os perfis atitudinais que eu comentei na pergunta anterior, que são tão importantes na busca por entender o seu público-alvo. No entanto, é fundamental que as marcas saibam o que estão procurando. Acho que entra um dilema muito grande de definição exata do que as marcas querem como consumidor e se afastem dessa usual generalidade na hora de definir quem é ele. Acredito que alguns pontos como associação de temas e assuntos é um tema importante para as marcas utilizarem, o momento de consumo, a maneira de consumir ou a melhor tela disponível para aquele consumo específico e até o nível de integração e socialização que esse conteúdo consumido pode trazer.
Sem dúvida nenhuma. O streaming traz o joystick de contéudo na mão do consumidor aonde quer que ele esteja. Esse empoderamento amplia a forma de ver, analisar e buscar tudo aquilo que interessa e o ajuda a engajar no seu grupo social. Essa amplitude abre muito mais oportunidades de ser impactado por conteúdos independentes e coloca o mainstream em xeque. O problema dessa questão toda é que a qualidade do conteúdo é inconsistente. Se de um lado se ganha em quantidade, em independência se perde em qualidade. Em tempo de fake content, precisamos trabalhar em busca de boas e confiáveis fontes. Acho que esse é o grande desafio que o consumidor tem.
Acredito que a necessidade do consumidor, mesmo que latente, geraram os serviços de streaming. O mercado e a tecnologia devem sempre trazer soluções que melhorem a qualidade de vida do homem moderno. Num momento em que a sociedade vive com uma agenda maluca, onde toda família tem uma disponibilidade de tempo muito escassa, esse tema é fundamental. Acredito muito que esse foi o caminho inicial. Gente pensando em poder trazer soluções, que ao longo do tempo pudessem trazer tempo de qualidade para as pessoas, e partir disso os streamings, em termos de conteúdo, começaram a aparecer como uma boa solução para isso, mas sem dúvida nenhuma gerado pelos consumidores. Ao longo do tempo o que acontece é que esse processo se retroalimenta. Consumidores impactados por esse tipo de serviço acabam atuando a ajudando esse processo todo em melhoria contínua.