Quem diz que escolher uma boa universidade para realizar cursos de pós-graduação é tarefa fácil, engana-se. O mercado está cada vez mais exigente e há muitas outras questões a serem levadas em conta além de rótulos e tradições.
Se você acha que a reputação é o principal fator a ser considerado na escolha de uma instituição de ensino, acredite: você não está sozinho.
De acordo com pesquisa realizada pela Live University, o Reconhecimento de Mercado figura em primeiro lugar na lista dos principais motivos que influenciam na escolha de uma universidade (1152 votos, entre os 8304 válidos), seguido do Conteúdo Programático (913 votos) e Corpo Docente (628 votos).
A pesquisa contou com a participação de 2076 profissionais das áreas de TI, Tributos, Compras, Supply Chain, Inteligência de Mercado e Comercial que selecionaram 4 fatores influenciadores na escolha da instituição entre os critérios expostos.
Abaixo você pode conferir o Top 10 itens mais votados:
A ideia de ter o nome de uma universidade com boa reputação no currículo soa bastante atraente. Segundo o diretor e headhunter da empresa de recrutamento e seleção Proco Global Group, Roberto Coltro, “ainda há grande exigência da parte das empresas quanto à formação em faculdades renomadas, principalmente se estamos falando de profissionais recém-formados com pouca experiência de mercado”.
A grande questão é que muito se fala sobre reconhecimento de mercado e pouco se sabe sobre seu significado. Muito menos, sobre o que torna uma instituição reconhecida.
Instituições de ensino nada mais são do que empresas, certo? Levando isso em consideração, o reconhecimento de mercado se dá quando seu público-alvo encontra, em seu produto ou serviço, um diferencial o qual seus concorrentes não possuem.
De acordo com Roberto, os rankings de universidades são os principais responsáveis por elevar o nível de reconhecimento das instituições de ensino, mas a grande ironia é que “esses rankings são feitos por instituições que avaliam diversas coisas que, não necessariamente, estão ligadas a competência profissional executiva do mercado”.
Não é difícil encontrar rankings de universidades. Todos os anos empresas realizam estas pesquisas que, geralmente, envolvem critérios como produtividade em pesquisas e inovação, método de ensino, número de professores com PhD etc.
Parâmetros muito mais acadêmicos tornam óbvia a presença de instituições tradicionais nos primeiros lugares. Roberto afirma que: “Universidades públicas, como a USP e a UNICAMP, são extremamente bem ranqueadas no Brasil, pois tem um apelo muito maior para a área de pesquisa e inovação. Voltadas para o universo acadêmico, estas instituições investem na formação de novos pesquisadores e, muito pouco, na formação de profissionais da indústria”.
Com professores mestres e doutores, estas universidades também ganham vantagem nestas listas. No entanto, entre possuir o título de PhD e saber ensinar existe uma distância imensurável. Aulas de didática não fazem parte do currículo de grande parte dos professores destas instituições. Isso, sem falar em know-how de mercado.
Para o Diretor de Abastecimento do Grupo Pão de Açúcar, Paulo Leônidas, a qualidade do curso depende muito do corpo docente: “Uma coisa que acho legal em instituições de ensino como a Febracorp Live University, é a presença de professores inseridos em grandes empresas do mercado. É importante olhar o nível de formação, conhecimento e experiência destes profissionais. Por mais que o professor tenha mestrado e doutorado, quando falamos de especializações em áreas muito específicas, o importante mesmo é ter vivenciado os problemas do mercado”.
O método de ensino de instituições tradicionais também é visado. A grande questão é que estes rankings avaliam o processo de ensino de maneira arcaica. Fomos inseridos a um modelo pedagógico que nos acompanha desde o primário. Ele coloca o professor como responsável por todas as etapas do conhecimento – do planejamento das aulas à avaliação – e tira o foco das necessidades e experiências prévias do aluno.
Algumas universidades já utilizam um método especialmente desenvolvido para a educação de adultos, chamado Andragogia. No post sobre andragogia você encontra mais informações sobre este modelo.
Como a intenção das universidades tradicionais está muito mais voltada para a área de pesquisa, o conteúdo teórico figura como carro-chefe. Mas, quando falamos das necessidades do mercado, é preciso mais. É preciso da prática.
Além de diretor de suprimentos, Paulo Leônidas é conselheiro e professor do Inbrasc, uma escola de negócios focada nas áreas de Supply Chain e Compras. Ele acredita no conteúdo baseado nas reais necessidades do mercado: “Eu aceitei trabalhar como professor do Inbrasc, pois no conselho eu, e diversos outros executivos de grandes empresas brasileiras, podemos sugerir temas e opinar na criação do conteúdo das aulas, levando em consideração as necessidades do dia-a-dia nas empresas”.
Diante disso, ao considerarmos a especialização como uma modalidade voltada para desenvolver habilidades e competências que tornem o profissional apto para atuar no mercado, a escolha com base nestes rankings parece irracional – e um prejuízo, ao levarmos em conta o investimento de nosso suado dinheirinho. É hora de parar de rezar para os santos errados.
- Antes de mais nada, questione-se: Onde quero chegar? Para onde quero levar minha carreira?
De acordo com Roberto, muitas pessoas fazem MBA só para colocar uma especialização no currículo, quando as motivações deveriam ser outras: “Como recrutador, acho um diferencial o profissional que faz um MBA com a ideia de adquirir e agregar mais conhecimento, tanto para ele, quanto para a empresa a qual ele pretende trabalhar”.
- Opte por uma universidade especialista em sua área de atuação
Segundo o diretor de tributos da indústria de cosméticos Coty, Vando Oliveira, “uma escola com foco numa determinada área de atuação tem a tendência de ser melhor naquilo que faz, diferente das grandes universidades que ensinam de tudo um pouco”.
- Avalie a grade do curso e o corpo docente
Para Paulo Leônidas, conteúdo é tudo: “A minha visão de reconhecimento de mercado se dá, não pelo rótulo da universidade, mas pela qualidade do conteúdo oferecido no curso. A maioria das universidades “reconhecidas” tem aulas muito superficiais”.
Além do conteúdo, professores capacitados são essenciais: “Hoje o principal fator a ser considerado na escolha de um curso como o MBA é ter aula com alguém que já trabalhe na área. Existe uma diferença gritante entre o cara que tem a prática e o cara que não tem. Há muitos conceitos novos e somente profissionais com experiência de mercado têm know-how para ensinar”.
Em um mundo competitivo, a capacitação é mais que uma necessidade: é uma oportunidade de descobrir novos horizontes e ser melhor do que já é. Espero que este artigo ajude você a fazer melhores escolhas para seu futuro. Sua carreira merece!